
O ónibus levava turistas e habitantes da região. Sentavam-se separados, conscientemente sentiam a distância das culturas.
Os collas (coyas) com sua própria identidade, roupa colorida e silêncio infinito, subiam e desciam do ónibus ao longo da estrada. Uma estrada que passo a passo ia quase chegando às nuvens.
Quando chegaram a Puno, por volta das quatro da madrugada, o motorista trancou as portas do ónibus. Todos dentro. Até o dia chegar, o amanhecer, e as portas da rodoviaria se abrirem, ninguém podia descer. (!!!!!). E assim foi até as seis da manhã.
Essa cidadezinha, quase fronteira com a Bolivia é pequena, misteriosa, solitária e movimentada ao mesmo tempo.
Puno fica à beira do Lago Titicaca. Um porto perto das nuvens, o lago mais alto do mundo. Daí se parte para à aventura. Navegar numa barca, cheia de pessoas de todas partes do mundo, que procuram saber os mistérios desse lago.
Parte das aguas pertence ao Peru, e uma outra à Bolivia. A fronteira está mesmo na agua. As ilhas que estão no lago, pertencem aos dois paises, definidas territorialmente. Aí temos a história, a lenda. Nesse lago, segundo os habitantes, nasceram o Sol e a Lua e assim os Incas.
Uma mistura de aymaras, collas, uros e outros regionais, habitam essas pequenas porções de ilhas. Algumas delas feitas com palhas de “totora” (as chamadas ilhas flutuantes). Uma interação de culturas perto do céu.
O Lago Titicaca é a porta lacustre para Copacabana, La Paz na Bolívia. São umas quatro horas de navegação para chegar às ilhas de Amantani e Taquile e ainda ter que caminhar e subir para poder ver uma paisagem maravilhosa. Os habitantes recebem às pessoas cordialmente, em silêncio, nesse silêncio infinito dos habitantes dos Andes.
O Titicaca (Pedra do Puma – na língua aymara) está aí, olhando para o mundo com seu olho espelhado. Poderoso, cheio de mistério, história e berço de civilizações....
Adorei viajar pelo Peru guiado pelas suas palavras.
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